Durante todas as aulas ocorreu o seminário, foram constantes as apresentações, conhecemos vários autores, compositores e poetas.
A gabriela e eu falamos sobre Manoel de Barros que foi uma experiência maravilhosa conhecer os poemas e a lição de vida desse grande autor.
O texto na qual me identifiquei foi:
Sobre Sucatas
De Manoel de Barros.
Isto
porque a gente foi criada em lugar onde não tinha brinquedo fabricado.
Isso porque a gente havia que fabricar os nosso próprios brinquedos.
Eram boizinhos de osso, bolas de meia, automóveis de lata. Também a
gente fazia de conta que sapo era boi de cela e viajava de sapo. Outra
era ouvir nas conchas as origens do mundo.
Estranhei
muito quando, mais tarde, precisei de morar na cidade. Na cidade, um
dia, contei a minha mãe que vira na praça um homem sentado num cavalo de
pedra a apontar uma faca comprida pro alto. Minha mãe me corrigiu que
não era uma faca, era uma espada. E que o homem era um herói da nossa
história. Claro que eu não tinha educação de cidade pra entender que um
homem sentado num cavalo de pedra era herói. Eram pessoas antigas da
história que um dia salvaram a nossa Pátria. Pra mim aqueles homens em
cima da pedra não passavam de sucata. Eram a grande sucata da história.
Porque eu achava que uma vez no vento esses homens seriam como trastes,
como pedaços de camisa ao vento. Lembrava dos espantalhos vestindo as
minhas camisas. O mundo era um pedaço complicado para um menino que
viera da roça.
Não
vi nenhuma coisa mais bonita na cidade do que um passarinho. Vi que
tudo que o homem fabrica vira sucata: automóvel, avião, televisão. E o
que não vira sucata é árvore, rã, pedra. Até nave espacial vira sucata.
Agora eu penso que até uma garça branca de brejo é mais bonita que uma
nave espacial. Peço desculpas por cometer essa verdade.
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